Completados os primeiros 100 dias da gestão do prefeito Velomar Rios à frente da Prefeitura de Catalão, o que se vê até aqui é uma administração que ainda não encontrou seu rumo — e, pior, parece temer encontrá-lo. Uma gestão marcada mais por silêncios do que por ações, mais por hesitação do que por iniciativa. É o retrato de um governo acuado pelas heranças do passado e pela sombra do futuro.
Velomar assumiu a Prefeitura com a promessa de mudança, mas até agora tem se limitado a administrar os escombros deixados pelo ex-prefeito — que, vale lembrar, pertence ao mesmo grupo político. Essa conexão impede o atual gestor de falar o que precisa ser dito e, consequentemente, de fazer o que precisa ser feito. A gestão vive sob o peso de uma contradição: precisa se diferenciar de um passado recente impopular, mas não pode atacá-lo diretamente. O resultado é a paralisia.
Até aqui, nenhuma obra relevante foi anunciada. Nenhuma grande política pública foi posta de pé. Os vereadores, já impacientes, começam a vocalizar na tribuna o que se ouve nas ruas: os requerimentos não são respondidos, os pedidos são ignorados, e o governo parece surdo. A base política, antes confortável, começa a se incomodar com a apatia generalizada. A paciência, mesmo entre aliados, tem prazo.
Na tentativa de recuperar a conexão com o povo, foi lançado o programa “Prefeitura nos Bairros” — uma iniciativa popular em sua essência, mas que ficou na promessa. Apenas uma edição foi realizada até agora, e já estamos entrando no quinto mês da gestão em uma cidade com mais de 150 bairros. O que era para ser um canal direto entre governo e comunidade virou peça de propaganda mal executada.
Mais grave ainda é a situação da saúde. A Organização Social que administra a UPA, herdada da gestão anterior, vem sendo alvo de críticas duríssimas. O prefeito não a escolheu, mas parece não ter coragem de enfrentá-la. A população sofre, e a saúde pública de Catalão caminha para o colapso. Velomar, até aqui, tem apenas assistido.
Há ainda a ameaça constante do retorno do ex-prefeito nas próximas eleições. Essa sombra política limita movimentos, inibe decisões e esvazia o poder de reação de Velomar. Governar olhando para trás e com medo de quem vem atrás é receita certa para o fracasso.
O que se vê, portanto, é um governo que ainda não começou. Um governo que não empolga, que não entrega, que não se posiciona. Os primeiros 100 dias foram desperdiçados, e o tempo político começa, agora, a jogar contra. A população segue esperançosa, ainda oferece o benefício da dúvida, mas a paciência não é infinita.
Se Velomar Rios quiser de fato ser prefeito e não apenas um interino disfarçado, precisará assumir o protagonismo, romper com o passado — mesmo que isso signifique romper com aliados — e governar para o povo, não para proteger acordos. A partir de agora, começa a contagem regressiva. E, se nada mudar, ela não será apenas simbólica. Será fatal.