Enquanto Caiado se perde na tentativa de viabilizar um voo presidencial cada vez mais improvável, Marconi Perillo articula com os pés no chão para retomar o governo de Goiás com discurso de legado e realismo.
O jogo político em Goiás já começou — e promete ser pesado. Com o olhar voltado para as eleições de 2026, dois veteranos da cena local, Ronaldo Caiado e Marconi Perillo, voltam a se enfrentar nos bastidores, mas agora em frentes distintas. Caiado mira o Planalto. Marconi quer o Palácio das Esmeraldas. Ambos costuram alianças, sondam cenários e armam estratégias, mas apenas um deles parece com os pés no chão.
Ronaldo Caiado, no segundo mandato como governador, vive o dilema de quem acredita ser maior do que realmente é no cenário nacional. Tentando se posicionar como uma alternativa de “centro-direita racional” à direita bolsonarista e à esquerda petista, o goiano enfrenta um problema central: não empolga. Nem dentro do seu próprio grupo político. Fora de Goiás, sua figura esbarra no desconhecimento popular e na falta de carisma. Fala para um nicho, sem eco.
Enquanto isso, Marconi Perillo ressurge com um cálculo frio e estratégico. Fora do poder há quase uma década, o ex-governador aposta no desgaste de Caiado, que já dá sinais de cansaço, arrogância e um governo que perdeu o brilho. Marconi aposta que o goiano médio já não compra mais a retórica agressiva do atual governador, e começa a sentir saudade de uma gestão que, apesar de polêmica, entregou obras, estrutura e estabilidade.
“Caiado virou falácia. Marconi representa a memória do que funcionou” — esse tem sido o mantra informal que circula entre aliados do ex-tucano. Ele sabe que a principal aliada de sua candidatura ao governo em 2026 pode ser justamente a verborragia vazia de Caiado em busca de um protagonismo nacional que não virá.
Enquanto Caiado tenta se projetar em palanques Brasil afora, sem apoio claro de grandes partidos e sem musculatura popular real, Marconi percorre o estado em silêncio, costurando apoios regionais, reforçando sua imagem junto a prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias — o exato campo que Caiado abandonou para perseguir um sonho presidencial cada vez mais distante.
Caiado quer ser presidente. Mas o Brasil não parece querer Caiado. Já Marconi quer ser governador — e Goiás, desgastado, pragmático e carente de gestão eficiente, pode querer Marconi de volta.
Os próximos meses dirão se o povo goiano seguirá embarcando em promessas de salvadores da pátria ou se vai optar por alguém que, pelo menos, sabe o caminho até o Palácio e como fazê-lo funcionar.