Por Ricardo Nogueira
A cena é simbólica, melancólica e politicamente constrangedora: Eduardo Riedel, último governador tucano em exercício no Brasil, já dá sinais de que deve abandonar o PSDB nos próximos dias. O destino? Provavelmente o PP, com parte de seus aliados indo parar no PL. É o capítulo final de um partido que já governou o país, ditou o debate nacional e foi referência para o eleitorado de centro-direita por décadas.
Hoje, o PSDB vive de lembranças e promessas vazias de reestruturação. Sem força, sem votos, sem identidade e sem rumo, o partido parece caminhar para o que muitos já definem nos bastidores como um fim trágico, mas merecido.
De FHC à irrelevância total
A derrocada do PSDB não foi repentina. Ela foi construída tijolo por tijolo por anos de incoerência política, omissões estratégicas e alianças desastrosas com a esquerda. O partido que já teve nomes como Fernando Henrique, José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin simplesmente desapareceu do debate nacional, virou coadjuvante nos estados e não conseguiu se posicionar com clareza nem mesmo diante de pautas centrais para o país.
O eleitorado que o PSDB abandonou
Enquanto o Brasil se polarizava, o PSDB tentou agradar os dois lados e acabou sem nenhum. Rejeitado por conservadores, ignorado pela esquerda, e esquecido pelo povo, o partido perdeu espaço para novas forças políticas como o PL, o Republicanos e o próprio PP, que absorveram os nichos eleitorais que o PSDB um dia representou.
Agora, tenta em desespero formar uma federação com o Republicanos — que, nos bastidores, vê essa proposta como um fardo.
Riedel pula do barco e leva aliados com ele
O governador de Mato Grosso do Sul é hoje o último suspiro de poder real do PSDB, e sua saída sinaliza mais do que uma perda: é a certidão de óbito de um partido que se negou a mudar, se blindou da realidade e hoje paga o preço do próprio elitismo político. Sua possível filiação ao PP e articulações com o PL mostram que quem ainda tem capital político quer distância do naufrágio tucano.
O partido do “em cima do muro” morre abraçado à própria indecisão
O PSDB, que um dia sonhou em ser a “terceira via”, não foi nem terceira, nem via. Foi omissão, covardia política e arrogância intelectual. E agora, assiste ao seu desmonte com a passividade de quem já aceitou o fracasso.