Mais uma vez, o governador Ronaldo Caiado deixa claro de qual lado escolheu ficar. Em uma cerimônia que gerou ampla repercussão e indignação entre os goianos, Caiado concedeu o título de cidadão goiano a três dos principais nomes do Judiciário nacional: os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A homenagem, carregada de simbolismo político, expõe o distanciamento definitivo de Caiado em relação aos valores que grande parte de sua base e de seu eleitorado historicamente defendem. Ao agraciar figuras associadas ao sistema que vem sendo duramente criticado por setores conservadores do país, Caiado assume publicamente o jogo duplo que já vinha sendo denunciado nos bastidores: de um lado, posa de defensor da moralidade e da “nova política” para o público; de outro, articula alianças e troca afagos com representantes da velha engrenagem do poder em Brasília.
O gesto provocou reação imediata entre aliados e opositores. Muitos classificaram a entrega dos títulos como um verdadeiro “tapa na cara” do eleitorado goiano, que sempre cobrou posicionamento firme contra o aparelhamento institucional e as manobras de bastidores que enfraquecem a democracia.
Caiado, que já vinha sinalizando aproximação com setores do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público, parece agora apostar todas as fichas em uma costura nacional para 2026, mesmo que, para isso, precise romper com antigos apoiadores e se afastar dos princípios que o levaram ao governo de Goiás.
A entrega dos títulos não é apenas um gesto protocolar: é a assinatura pública de que Ronaldo Caiado, definitivamente, está ao lado do sistema. O governador que um dia disse representar o novo, hoje caminha de mãos dadas com os velhos caciques do poder nacional.
Os goianos observam. A história, como sempre, cobrará o seu preço.