A recente decisão do secretário de Comunicação da Prefeitura de Catalão Valdeci Barros em proibir secretários de concederem entrevistas a veículos que não são pagos pela prefeitura é um dos episódios mais escancarados de censura institucionalizada em Catalão. Em vez de garantir transparência, a ordem é calar, esconder, blindar — e o que é pior, construir uma realidade paralela onde só se ouve quem é bancado com dinheiro público.
Essa atitude demonstra o grau de fragilidade e acovardamento da atual administração, que prefere manter o prefeito Velomar Rios dentro de uma redoma fictícia a encarar a responsabilidade de governar com clareza, coragem e prestação de contas à população. Afinal, quem não deve, não teme. Mas quando o medo da verdade se torna maior do que o compromisso com ela, o silêncio vira política oficial.
Dois secretários, ouvidos sob reserva, admitiram o desconforto com a imposição, mas como bons soldados de um exército sem liderança, seguem ordens. E mais: acreditam que essa decisão não partiu nem do atual prefeito, mas do ex-prefeito Adib Elias, que ainda movimenta os bastidores da prefeitura como se tivesse mandato. Segundo relatos, Adib teria ironizado Velomar, dizendo que ele “não vai conseguir nem pintar as obras que deixou”. A frase, se verdadeira, escancara o clima de sabotagem velada e disputa interna de poder.
O secretário de Comunicação, por sua vez, é apontado como uma indicação direta de Adib. É criticado inclusive por vereadores da base, que reclamam de não receber nenhuma informação, como se o mandato fosse deles, mas a comunicação fosse exclusiva do ex. A estrutura de comunicação da prefeitura virou um luxo inútil: três secretários — um do prefeito, um da prefeitura e outro do ex — todos bancados com dinheiro do povo, mas que preferem manipular, omitir, esconder e talvez até mentir, ao invés de informar.
Esse tipo de decisão revela o lado mais podre da política: quando o projeto não é coletivo, é pessoal. Quando o interesse não é público, é de poder. E quando o compromisso não é com a verdade, qualquer mentira serve — desde que seja paga.
A comunicação pública não é palanque, não é escudo, não é fábrica de versões. Ela deve ser ponte entre o governo e a população. Mas em Catalão, virou trincheira de uma guerra onde a maior vítima é o povo.
