Enquanto Posso Falar
Por Ricardo Nogueira
A arbitrariedade judicial no Brasil atingiu um novo patamar quando uma mulher foi presa por simplesmente pintar com batom a estátua dos Três Poderes, em Brasília. O ministro Alexandre de Moraes, conhecido por suas decisões ditatoriais e sua sanha censuradora, novamente demonstrou que a justiça no país tem lado. Mas, diante da repercussão e do clamor público, foi forçado a recuar e conceder prisão domiciliar à cidadã injustamente encarcerada.
O que aconteceu com essa mulher é um retrato fiel do Brasil atual: um país onde a liberdade de expressão se tornou um crime quando não agrada à elite do Judiciário. Enquanto criminosos são soltos aos montes, uma cidadã comum foi tratada como uma ameaça à República por um ato de protesto pacífico e simbólico.
É inadmissível que, em pleno século XXI, uma mulher seja submetida à humilhação e à privação de liberdade por um gesto que, em qualquer democracia funcional, jamais seria motivo para prisão. Mas no Brasil de Moraes, as leis são aplicadas seletivamente, e os direitos fundamentais são esmagados sempre que convém ao sistema.
O recuo do ministro não apaga a injustiça cometida. O estrago psicológico e moral já foi feito. A questão é: até quando o Brasil aceitará viver sob o julgo de um Supremo que não respeita o próprio povo? O caso dessa mulher é um alerta de que a liberdade está em risco, e ninguém está a salvo da tirania togada.