Jamil Calife e o risco de cassação: PP de Goiás na mira do TSE por fraude à cota de gênero
Mais uma vez, o nome de Jamil Sebba Calife, deputado estadual pelo PP em Goiás, aparece no noticiário não por grandes feitos parlamentares, mas pelo envolvimento em um dos escândalos políticos mais constrangedores da atual legislatura goiana. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve julgar nos próximos dias o pedido de cassação da chapa de deputados estaduais do Progressistas, partido ao qual Jamil pertence, por suspeita de fraude à cota de gênero na eleição de 2022.
O caso é grave e vergonhoso. Segundo manifestação da Procuradoria-Geral Eleitoral, o PP teria recorrido a candidaturas femininas fictícias apenas para cumprir o percentual mínimo de mulheres exigido por lei para a composição das chapas. O documento, assinado pelo vice-procurador Alexandre Espinosa Bravo Barbosa, revela detalhes que beiram o escárnio: candidatas com votação pífia, sem qualquer campanha efetiva, e até relatos de materiais de campanha sendo jogados “no lixão”.
O nome de Alexandre Baldy, presidente estadual da sigla, também surge como peça-chave da operação fraudulenta, mas é a manutenção do mandato de deputados como Jamil Calife que mais chama atenção. Afinal, Calife que tenta se firmar como um nome de renovação na política goiana, já carrega em sua breve trajetória uma coleção de polêmicas, articulações de bastidores e, agora, o risco iminente de perder o mandato por uma manobra questionável de seu próprio partido.
É importante lembrar que a candidatura de Jamil Calife, como a de seus colegas de legenda, só foi possível graças à montagem dessa chapa sob suspeita. Se o TSE confirmar a fraude, o mandato do deputado cai por terra, revelando o quanto sua eleição foi sustentada não pela vontade soberana dos eleitores, mas por um esquema que dribla a lei e desrespeita a luta legítima pela participação feminina na política.
O caso já havia sido analisado pelo TRE-GO, que, num primeiro momento, não reconheceu a irregularidade. Agora, porém, a palavra final será dada pelo colegiado do TSE, que, à luz das novas provas e confissões estarrecedoras, tende a adotar uma linha mais dura diante da afronta à legislação eleitoral.
Para o eleitor goiano, fica a decepção de ver um parlamentar como Jamil Calife, que deveria honrar seu mandato, envolvido em um episódio que expõe a face mais suja e oportunista da política: aquela que burla regras em troca de vagas no Legislativo.
O que se discute aqui não é apenas a eventual cassação de mandatos, mas o descrédito cada vez maior das instituições políticas perante a população. E, infelizmente, Jamil Calife já entrou para a lista dos protagonistas deste triste capítulo.
Foto: Brasil 24h Notícias