Enquanto Posso Falar
Por Ricardo Nogueira
Mesmo após retornar ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva carrega consigo um legado manchado por uma série de escândalos que abalaram a República e colocaram o Brasil nas manchetes internacionais pelos piores motivos. Apesar de seu discurso de combate à desigualdade e sua popularidade em setores da sociedade, os governos Lula (2003-2010) foram palco de esquemas bilionários de corrupção, conchavos políticos e desvios sistemáticos de recursos públicos.
Mensalão – O marco da corrupção institucionalizada
O primeiro grande escândalo veio à tona em 2005: o Mensalão. Descobriu-se que parlamentares da base aliada recebiam propina em troca de apoio ao governo no Congresso. Operado por figuras como José Dirceu, Delúbio Soares e Marcos Valério, o esquema envolveu a compra sistemática de votos. O Supremo Tribunal Federal condenou diversos envolvidos, em um dos julgamentos mais emblemáticos da história do país.
Petrolão – O maior escândalo da história do Brasil
Durante os dois mandatos de Lula e aprofundado no governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, a Operação Lava Jato revelou o desvio de bilhões de reais da Petrobras para financiar partidos, campanhas eleitorais e enriquecer agentes públicos e empresários. O esquema, apelidado de “Petrolão”, mostrou a corrupção estrutural instalada no coração da maior estatal brasileira. Lula foi implicado diretamente por diversas delações premiadas.
Escândalo dos Correios – O início do fim da inocência política
Em 2005, o Brasil assistiu ao vídeo em que Maurício Marinho, dos Correios, recebia propina e mencionava o envolvimento de integrantes do PTB. A gravação, feita com câmera escondida, foi o estopim para a CPI dos Correios, que acabou desaguando nas investigações do Mensalão.
BNDES – O caixa-preta nunca aberto
Durante os governos petistas, o BNDES foi usado para beneficiar grandes empreiteiras e países aliados ideologicamente, como Cuba, Venezuela e Angola. Empréstimos bilionários foram concedidos sem transparência, gerando prejuízos que até hoje são difíceis de dimensionar. A “caixa-preta” do banco segue resistindo a tentativas de auditoria profunda.
Triplex do Guarujá – Condenação e polêmica jurídica
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá, reformado pela OAS em troca de favores na Petrobras. A pena chegou a 12 anos e o ex-presidente chegou a ser preso. Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal anulou a condenação por entender que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha jurisdição sobre o caso, mas a decisão não reverteu os fatos nem absolveu o petista.
Sítio de Atibaia – Outra reforma paga com propina
Assim como no caso do triplex, o sítio em Atibaia frequentado pela família Lula teve obras pagas por empreiteiras investigadas na Lava Jato, como Odebrecht e OAS. Mais uma vez, Lula foi condenado em primeira e segunda instância, mas a decisão também foi anulada pelo STF por questões processuais, e não por falta de provas.
Refinaria de Pasadena – Negócio desastroso para o Brasil
A compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, feita pela Petrobras em 2006, resultou em prejuízo bilionário. O contrato era lesivo e envolveu cláusulas absurdas, como a obrigação de comprar a outra metade da refinaria por valor superfaturado. A operação é considerada um dos maiores erros administrativos da estatal — ou, para muitos, mais uma operação suspeita com claros interesses escusos.
Descondenação, não absolvição
É importante frisar: Lula não foi absolvido nos processos da Lava Jato. As condenações foram anuladas por questões processuais, principalmente por decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou a Vara de Curitiba incompetente para julgar os casos. Isso não significa que as provas desapareceram — apenas que os processos retornaram à estaca zero, e a impunidade venceu mais uma vez.
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Conclusão
Ao relembrar esses episódios, fica evidente que a trajetória de Lula está longe de ser imaculada. Entre escândalos abafados, manobras jurídicas e decisões políticas do Judiciário, o Brasil continua sendo marcado por um sistema que pune pouco e protege os poderosos. Enquanto isso, a população ainda paga a conta da corrupção institucionalizada.