Entre os dias 8 e 23 de fevereiro, o deputado estadual Jamil Calife embarcou rumo à Índia em uma missão oficial do governo estadual. Até aí, nada fora do esperado para um parlamentar com prerrogativas de representar o Estado em agendas internacionais. O problema começa e termina no valor desembolsado pelo contribuinte goiano: R$ 93.100,00 pagos em ajuda de custo pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
Sim, noventa e três mil reais.
Enquanto falta dinheiro para hospitais, escolas e projetos sociais no interior do estado, Jamil Calife desfruta de quase 100 mil reais em uma viagem ao outro lado do mundo. Sem prestação de contas clara, sem transparência sobre os resultados práticos dessa missão. Qual o real benefício trazido à população goiana por essa jornada de luxo bancada com dinheiro público? Onde estão os relatórios, os convênios assinados, os retornos concretos?
A gastança escancara o abismo entre a realidade do cidadão comum e os privilégios mantidos por parte da classe política. Calife, eleito para fiscalizar e legislar com responsabilidade, escorrega na mesma lama que tantos outros: a da banalização dos recursos públicos, da falta de critério, da insensibilidade com quem mais precisa.
É assim, com episódios como esse, que a política se afunda, de novo, na vala comum da descrença. A cada notícia como essa, a imagem do político sério e comprometido se dissolve. O eleitor, já cansado, é empurrado para o desânimo e o cinismo. Porque quando um deputado estadual aceita gastar R$ 93 mil em uma viagem, sem que o povo veja sequer uma contrapartida, o recado é claro: ainda há quem trate o dinheiro público como se fosse dinheiro de bolso.
Jamil Calife deve explicações. À imprensa, à sociedade e, principalmente, ao eleitor goiano que paga essa conta. Porque viajar com dinheiro alheio, em tempos de crise e desigualdade, é mais do que um descuido: é um insulto.