A política deveria ser um instrumento de transformação social, mas, na prática, tem se tornado um jogo sujo onde interesses pessoais falam mais alto que qualquer ideal coletivo. E o pior: essa podridão não se restringe aos políticos. A sociedade, que deveria ser a maior fiscalizadora, muitas vezes se torna cúmplice desse sistema corrupto.
É comum ver pessoas cobrando melhorias na cidade, exigindo saúde, educação e infraestrutura dignas. Mas essa indignação dura até que um benefício pessoal apareça. De repente, um prefeito ou vereador que era “péssimo” vira “bom”, não por ter feito algo significativo para o povo, mas porque atendeu a um pedido individual, seja um emprego, uma cesta básica, um saco de cimento ou até mesmo um favor em época de eleição.
O ciclo da hipocrisia se repete. Grupos políticos se perpetuam no poder, alimentados por uma sociedade que se contenta com migalhas e depois se revolta quando percebe que essas mesmas migalhas não são suficientes para garantir um hospital decente ou uma escola de qualidade. Mas, no próximo pleito, tudo se repete, e aqueles que se dizem “contra a corrupção” acabam justificando os atos daqueles que lhes deram alguma vantagem.
Enquanto esse jogo continuar, não importa quanto o poder público arrecade em impostos, taxas ou contribuições. A pobreza, a falta de serviços essenciais e o caos administrativo não são apenas problemas financeiros, mas sim morais. O primitivismo não está na falta de recursos, mas na mentalidade de uma sociedade que se vende barato e depois se pergunta por que continua no mesmo lugar.