Por Ricardo Nogueira
Neste domingo (25/5), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) conhecerá seu novo presidente: Samir Xaud, candidato único ao pleito, será eleito oficialmente a partir das 10h30, em votação realizada na sede da entidade, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Aos 41 anos, Xaud é o atual presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF), entidade que seu pai, Zeca Xaud, comanda há quase quatro décadas. Em 2026, Zeca completará impressionantes 40 anos à frente da federação estadual — um domínio que revela a face quase feudal do futebol brasileiro, onde o poder raramente troca de mãos sem laços familiares ou arranjos políticos.
Sucessão antecipada e renúncia obrigatória
Embora o novo presidente da CBF devesse assumir apenas em 2027, com a conclusão do mandato interino atual, Samir já será declarado presidente eleito. Para isso, ele terá que renunciar à presidência da FRF, já que o estatuto da CBF proíbe o acúmulo dos dois cargos. A decisão obriga a família Xaud a abrir mão temporariamente da federação estadual que dominam há décadas uma troca que soa mais simbólica do que verdadeira, dado o histórico de controle familiar.
Concentração de poder e falta de alternância
A eleição de Samir Xaud sem concorrência reflete mais uma vez o cenário viciado que marca a política do futebol nacional. Presidentes de federações estaduais, muitas vezes perpetuados no cargo, formam blocos de apoio quase automáticos para eleger o comando da CBF, criando um sistema fechado, pouco transparente e avesso à renovação.
Não há debate, não há disputa real, não há projeto alternativo. Há apenas uma engrenagem que se move em silêncio e sempre gira para o mesmo lado, o lado dos mesmos.
O que esperar de Samir Xaud na CBF?
A grande incógnita que paira sobre a eleição de Samir é: qual será seu projeto para o futebol brasileiro? Quais compromissos assumirá com a elite do futebol nacional? E, principalmente, que relação manterá com os grandes clubes, com a Liga Forte Futebol e com o novo momento que a CBF tenta (ou finge) viver?
O nome de Xaud não é conhecido do grande público, tampouco figura entre dirigentes de projeção nacional. Mas sua eleição é mais uma prova de que o futebol brasileiro segue sendo comandado nos bastidores, longe do torcedor e das arquibancadas.
Futebol brasileiro: um gigante comandado por poucos
Enquanto o Brasil segue como celeiro de talentos e protagonista global dentro das quatro linhas, fora delas o cenário é outro: repetição de figuras, ausência de democracia interna e pouca transparência.
Samir Xaud será o novo presidente da CBF. Mas a pergunta que não quer calar é: o que realmente vai mudar?